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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Com a escritora Sandra Andrade


Noite de autógrafos do livro
"Mato Grosso do Sul, em frente e Verso, em Prosa e Poesia",
de Sandra Andrade.

Somos matéria dos sonhos

Aos que ousam amar

Vagalume a vagar
Em noite escura,
Sem luar.

Pirilampo na escuridão,
Pirilampo, pirilampo,
Iluminando a solidão.

Onde você vagalume
Que vagava na infância
E iluminava
O mundo inteiro de criança?!

Onde vagalume?

Será ainda vaga com lume
Em noites estreladas
De sonhos infantis?

Pirilampo na escuridão
Pirilampo, pirilampo,
Iluminando a solidão.

Ismael Machado

Do livro Folhas de Março, 2006

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Comentários da Jornalista Carmen Cestari

Esperança! Este é o sentimento que desperta ao ler os textos de Ismael Machado. E ela se revela de diversas formas. Esperança de um mundo melhor, mais justo, mais ético, mais humano. Mas é a esperança de que as palavras a seguir convençam cada vez mais pessoas de que este mundo é realmente possível.

É um autor que transita no tempo sem pudor. Em “Folhas Brasileiras” vai do passado ao futuro em um segundo. Viaja pela mitologia e nos traz de volta os grandes mestres do passado. É um defensor implacável da natureza e do lugar em que nasceu. É comovente perceber o orgulho que ele sente de seu chão!

Mas o seu grande talento talvez esteja no fato de que ele não se dá por vencido. Insiste, persiste, resiste! E nos revela o quanto as palavras são capazes de despertar idéias, de provocar sorrisos, de nos confrontar com a realidade. Realidade que o escritor tem o poder de tornar mais bonita.

Que suas palavras e idéias sejam levadas a todos aqueles que também desejam um mundo mais justo e mais poético!

Carmen Cestari
Jornalista

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um brinde

Quero duvidar para saber mais,
Criticar, não ser passivo, assumir riscos.
Determinar viver com alegria cada dia,
Esperar menos dos outros, mais de mim.
Também renunciar às minhas inseguranças,
Banir os medos, amar as pessoas
Sem desejar mudá-las.
Ser e deixar serem
absolutamente
Livre(s).
V
i
v
a
!
Fernando Bandeira

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Muda o medo, o tempo transmuta o ser

Índia do oriente, cunhataí porã
Amo você.

Sua pele cor de jambo,
Cujos sentimentos são plumas,
Sobre as quais me deito.

Vinte e oito de maio, e os seus olhos
Estão esplendidamente verdes.
Faz-me verde-esperança o seu olhar.

Rotinas, dragões, devoram a essência,
Medos paralisam a alma.
Movimentos contraem, relaxam.
O Universo no seu corpo tem seu ritmo,
Sem igual.

Ritmicamente bate assim:
Coração, desejo, sina,
Desejo, sina, coração.

Quero viver tempo infindo,
Desfrutar a alegria, estar ao seu lado,
Entregar-lhe o meu bem, meu mal.
Sacrificar-me na pira,
No fogo das emoções, por você.

Sentimento mor muda a fera,
Muda a bela, muda o medo.
Só não muda o meu amor.

Fundamentos epistemológicos

Titãs em marcha, Zeus no Monte Olimpo, Hércules e seus doze trabalhos, musas de todos os tempos, Hades e seus mortos, “daimons”, regiões de seres horripilantes, umbral das trevas, pára-além da nossa vã suposição de bom e mau.

Inferno eterno de dores, rangeres de dentes estridentes, onde se vêem dragões de regiões hediondas.

Planetas alinhados a milhões de anos luz, Estrela Fulgurante nos céus de Belém, Magos Viajores anunciando as boas novas, nasceu o Filho do Homem.

Uma charada: “-Como se mata Deus?” Nietzche tem a resposta em sua proclamação assombrosa. Mera constatação d’uma ocorrência pós-moderna. Deus está sepultado no cerne da usura dos tempos atuais.

Hércules, deus e homem, quem poderá salvar-nos nestes dias? Hércules, o grego. Joshua, o hebreu, zombado, escarnecido, malquisto na Judéia, em qualquer lugar, nestes dois milênios.

Aquiles se desfez no pó de seu calcanhar. Cada qual tem sua fraqueza, até mesmo o grande apóstolo,
o qual escapou das garras de dragões, tinha um espinho (quem nos poderá desvelar este segredo?
ele não revelou).

O semi-deus, filho de Zeus, não sorveu a última gota do veneno letal, há uma chance de retornar
ao Olimpo, ao Éden.

Mégara, a bárbara de Hércules, Dalila, a mentira de Sansão.
Herói, de verdade, só se forja no coração.
O amor tem poderes alquímicos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Café "A Brasileira" - Lisboa

Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Fernando Pessoa

Sete perguntas cruciais e breves ensaios de respostas

Dedicado ao poeta Walt Whitman

What

– O que será? Será do jeito e aquilo que quiser ser.

Where

– Onde nos levará? Levará ao Reino da Consciência, do que se foi, do que se é, do que será, do propósito para que se foi criado pelo Incriado.

How

- Como será? Será do jeito de cada um,  respeitando caracteres idiossincráticos, aristocráticos ou não.

Who

- Quem nos ajudará? Quem puder e quiser mostrar o melhor que há em nós, esquecendo pudores falsos, amores prolixos, para caminhar rumo ao eu mais profundo, arquétipo, ou não.

How much

- Qual o preço do autoconhecimento? Vale a jornada da vida, plena de percalços, vale a descoberta de nós mesmos, vale o que não tem preço, o que não se pode comprar, porém aguarda desde sempre para ser conquistado, dentro de nós mesmos, qual um diamante, cuja posse nos tornará imensamente ricos. Vale, o valor do amor, custa sim, o preço da felicidade.

When

- Quando será esse dia de sorte? Esse grande dia será quando se desejar profundamente o que se quer realizar. Quando apreendermos o valor da simplicidade, então, será. E não precisará dizer mais nada, porque saberemos que tudo já foi dito embaixo do céu, do sol. Só nos restará seguir o caminho das águas que fluem para o grande mar.

Why

Por que temos tantas perguntas e tão poucas respostas? Talvez porque não sabemos quem somos, nem de onde viemos, nem para onde, efetivamente, iremos. Porque conhecemos tão pouco do Universo, porque a imensidão do Cosmos nos deixa aterrados, ainda mais terráqueos, quais vermezinhos ao Sol, e logo vem a morte nos abater e nos levar na viagem desconhecida. Todos temos medos, velados ou não, somos filhos do pó das galáxias,  viajores sem guarida, querendo se encontrar, conhecer o Infinito, ir até o fim, provar o amargo e o doce, viver. 

Fernando Bandeira
Do livro "Folhas brasileiras, 2010

Grafismo à guisa de prefácio

Escrevo os meus versos na areia,
O vento, a chuva e o tempo irão apagá-los.
Alegro-me por não ter de me desdizer.

Fernando Bandeira
Do livro "Folhas brasileiras, 2010

 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Do livro "Folhas Brasileiras"

Os de baixo, os de cima
Dedicado a Florestan Fernandes

Os de cima gozam,
Os de baixo servem,
Os de cima mandam,
Os de baixo calam,
Os de cima imperam,
Os de baixo sofrem,
Os de cima oprimem,
Os de baixo consentem,
Os de cima cantam,
Os de baixo gemem,
Os de cima compram,
Os de baixo mendigam,
Os de cima vivem,
Os de baixo sobrevivem,
Os de cima podem,
Os de baixo desejam,
Os de cima se vangloriam,
Os de baixo se humilham,
Os de cima se adornam,
Os de baixo gostariam.

Os de cima sufocam,
Os de cima negam,
Os de baixo querem lutar,
Não podem se conformar.

Os de cima são burgueses,
Os de baixo operários, oprimidos.
Mas, sobretudo,
 são seres
[humanos],
Iguaizinhos àqueles.

Fernando Bandeira
Do livro "Folhas brasileiras", 2010