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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Índio pele azul celestial


Ao povo Guaicuru e seus remanescentes

Índio, teus olhos distantes, a vagar,
Veem antigas veredas, passadas...

Teus olhos contemplam, perdidos...
O encontrado dentro de si mesmo.

Os contornos de tuas faces
São quais planícies e montanhas,
Quimeras que miras...
Vastos campos interiores,
Os quais podes cavalgar, simplesmente,
Com teu olhar!

Às plagas eternas hás de tornar,
Os caminhos sempiternos reencontrar.

Índio, não sei dizer, confesso,
O queres dizer, assim, com teu olhar.
Sem igual, sem par, pois só tu
Podes contemplar.
Mires bem e não olvides do real,
Vivo, a brilhar, eterno,
Bem dentro, do teu olhar.

Ismael Machado
(Do livro "Folhas de Março", 2006) 

sábado, 26 de janeiro de 2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Para ser grande (Fernando Pessoa)


Para ser grande, sê inteiro:

Nada teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

(Ricardo Reis, Odes 14-2-1933)

domingo, 20 de janeiro de 2013

Com o escritor Eugenio Mussak


O que importa mesmo é o que realmente somos, e não o que os outros querem que sejamos, colocando em nosso corpo marcas que às vezes grudam em nossa alma.

Eugenio Mussak

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O adormecimento do beija-flor

      
 O beija-flor amarelo, verde, azul e rosa, adormeceu no jardim.
                                         As rosas emudeceram de tristes, o poeta chorou
        sobre sua inocência, enquanto o unicórnio
          espreitava cada cena.

         Fernando Bandeira
(Do livro "Folhas brasileiras", 2006)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sinceros agradecimentos!

Provavelmente a generosidade constitui-se uma das raízes da prosperidade.

Fernando Bandeira

Agradeço sinceramente às pessoas e às empresas que me apoiaram para a edição dos livros Folhas de Março (2006)  e  Folhas Brasileiras (2010). Foram eles(as):

Adalberto Gerônimo Gedro
Agnaldo Lopes da Silva
Alessandro Soalheiro Barbosa
Amor Arte Molduras & Quadros
Ana Márcia Cobo Gaspar Balbino
Associação Com. e Ind. de Campo Grande
Áurea Rita de Ávila Lima Ferreira
Bem Brasil - Samuca
Carmen Alvarez
Carmen Cestari
Cassiano Alcântara
CCAA - Caarapó (MS)
Cláudia Queiroz Pereira
Esmeralda Borges
Flávio Calado
Helena Dias Pereira
Henrique Borges de Oliveira
Iole Machado Vieira
Itaneide Cabral Ramos
Joana D'arc Mendes Gothchalk
José Jaime de Oliveira
Laura Menzio
Mota Junior
Nilza Lourenço Gedro
Prof. Paulo Nolasco
Prof. Rinaldo Modesto
Sérgio Setsuo Uehara
Tânia Tanus
Valdineir Ciro de Souza
Valter Jeronymo
Vera Lucia Faria de Lima Machado

Reconheço o quanto cada um foi importante para que as publicações citadas viessem a lume. Registro, também neste Blogue, a minha profunda gratidão!

Ismael Machado

domingo, 13 de janeiro de 2013

Comemoração do aniversário de Lobivar Matos, ontem 12.01. A festa foi promovida pelo Sarobá e Teatro Imaginário Maracangalha. Parabéns!!!


Sol

A manhã estava pra lá de bonita
e eu contentíssimo
porque o fígado me deixara dormir sossegado,
sem gemer.
Abri a janela do quarto
e o sol mais quente e mais barato
do mundo
me assanhou os instintos.

Senti vontade de me estirar na areia da praia,
de correr na areia da praia para que o sol me esticasse os músculos.
Mas meu pensamento perdeu o equilíbrio
e eu me lembrei
que milhares e milhares de irmãos
trancafiados no xadrez
não podiam como eu, àquela hora,
gozar a delícia e a quentura
do sol mais barato do mundo
E o meu fígado começou a doer
e eu comecei a gemer.

Lobivar Barros de Matos
 (Corumbá, 12 de janeiro de 1915 -  Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1947).


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Palavras do Prof. Dr. Paulo Nolasco, sobre o livro Folhas de Março

Constitui lugar comum dizer que a literatura nasce da literatura. No entanto, o aforismo é melhor e prazerosamente constatado quando lemos nos grandes escritores, ou nos escritores promissores, como é o caso de Ismael Machado, que, com o livro, Folhas de Março, ilustra excepcionalmente a maturidade do jovem escritor. Escrito com a paciência e a sensibilidade que o tempo exige, resultado  de anos de reflexão, o livro  dá testemunho de que por amor de um verso é preciso viajar longe, e muito. Viagem espacial, no sentido geográfico, ou viagem interior, no sentido de aprofundamento das leituras, da vivência do próprio escritor. Esta é, a meu ver, a primeira e maior qualidade dos textos reunidos neste livro de Ismael, que tenho a graça de ler e de apresentar ao público leitor.

Uma outra característica deste livro, não menos importante do que já se assinalou, diz respeito à escolha e seleção da forma técnica que abriga os conteúdos da imaginação poética.  Ao privilegiar a pluralidade de possibilidades plásticas na formatação destes textos, a obra  se redimensiona em leveza e em   valorização do papel do leitor, que é convidado, assim,  a exercer a função de criador e colaborador da produção de sentido, uma vez que a organização das frases, dando  relevância ao modo paratático do signo literário, age como “grafitos” diante dos olhos e na mente do leitor. Isso demonstra assumida recusa à obediência aos gêneros bien-tranche e sobretudo revela a visão crítica do autor, herdeiro de uma tradição que remonta a Fernando Pessoa, rompendo com o invólucro para permitir dizer-se sem nenhum preceito como a priori do conteúdo  literário propriamente dito.

Com tais qualidades, o livro de Ismael Machado é a realização de um projeto literário de relevância e produtividade para a literatura da atualidade. Principalmente pelo reconhecimento de um talento que já se podia perceber nos estudos voltados para as Letras, nos seus primeiros escritos e no seu próprio testemunho de vida devotada à leitura e ao interesse pelas grandes obras da literatura. Quem o conheceu, ainda mais jovem, vindo de sua “cidadezinha” (drummondiana), sabe que ele trazia na bagagem farto material poético, que não só serviria à realização deste projeto, mas que também veio fortificando o trajeto de crescimento e experiências que formaram a personalidade do honnête-homme que constitui o autor deste livro.

Ao ler Folhas de Março, o leitor compartilhará da sabedoria do jovem poeta  que  escreve com suas próprias vivências, consciente de que “escrever é um ato tanto íntimo quanto o sexual”  e de que Nem só de leituras se faz a escrita. De vida toda ela se faz”, como se lê nos versos e  nas entrelinhas deste livro.

Paulo Nolasco
Professor de Teoria e Crítica Literárias na UFGD

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Oh! Homem, o que queres tu na dor do teu querer?!

Poema dedicado a Schopenhauer

Homem, passo a passo, cabeça baixa;
Metido em teu mundo, à parte, a pensar.
Buscas seguir, caminho incerto.
Aonde vais, joão-ninguém, não mais.

Que fazeres pensas, e encontrares queres.
A chorar tua própria sorte má.
Que dê, o teu ânimo e coragem, onde
Juventude? Só velhice, doída e só...

Tristeza querendo alegrar-se, e a miséria
A sorrir com desdém o destino
De ninguém, ou saberás tu alguém?
Não! Esse fado é pesado, cruel esse ser.

E te pões a carregá-lo nesta angústia mesma
De existir, est’outro-em-ti
A fremir, no desejo de sair.
Liberdade vez não tem pr( ‘ ^)esta ansiedade... 

Fonte: livro Folhas de Março, 2006

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sonhos guaranis...


Minh’alma guarani sonha com o verde mato-grossense
 das matas virgens de enormes troncos.
 Co’as pescarias nos rios cristalinos, de farturas e alegrias.
Co’as caças e gorduras minh’alma guarani ainda sonha,
de arco e flecha nas mãos.

Fernando Bandeira
(Do livro "Folhas Brasileiras", 2006)