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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Filosofia da Emília


A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.
É um dorme e acorda, dorme e acorda,
até que dorme e não acorda mais [...]

A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso.
Um rosário de piscados. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama,
pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos,
e por fim pisca pela última vez e morre. –
E depois que morre?, perguntou o Visconde. –
Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”


Monteiro Lobato em “Memória de Emília” (1936).
 

domingo, 28 de julho de 2013

Sobre a dor


  Encontrei nas palavras um
                                                                                                             desvio
       para enrolar a dor.

Djandre Rolim

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Gracismo


Em um mil novecentos e Aracy de Almeida
o mundo seguia outro ritmo.
Hoje, em dois mil e Pitty, a onda é outra.
William Whitman
(Grafismo nr. 16 do livro "Sonho e pó")

terça-feira, 23 de julho de 2013

Inédito


De bem longe avisto, à distância, de tão longe de mim,
inundado em pântanos.
Vejo uma maria-fumaça na curva dos tempos
(fumaça que me desfaz).
Ela vai delineando-se na tela, no traço do artista,
nos versos com ou sem perspectiva,
sobre os trilhos em desafio no horizonte.
Escuto o seu apito no finito de mim
e de tão perto deste verso...
William Whitman

domingo, 21 de julho de 2013

Liberdade


Os  gramáticos têm muitas regras,
Os poetas anseiam por liberdade.

William Whitman
(Grafismo nr. 34 do livro "Sonho e pó")



quarta-feira, 17 de julho de 2013

Se bastasse


Se bastasse cantar com ternura
Pra acalmar esses dias em que os homens
perderam a doçura, de cantar morreria.
Mais quem sou eu? Mais quem sou eu?

Simples cigarra em que a voz é escrava da melodia
.
Se bastasse a canção da esperança
pra inundar de alegria
a tristeza de nossas crianças, de cantar morreria.
Mas quem sou eu? Mais quem sou eu?

Simples cigana nas sendas profanas da poesia.
Se bastasse cantar compassiva pra aplacar a agonia
nessas terras de gente cativa, de cantar morreria...

Selma Reis

1) A música é tocante, veja o vídeo: http://letras.mus.br/selma-reis/392853/
2) Imagem: maisgentecantando.blogspot.com

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Lisboeta


2ª das 12 tribos visitadas para escrever ""Sonho e pó",
Torre de Belém - Lisboa

Amada Lisboa, de Camões, de Pessoa, de Florbela e tantos
Outros poetas de todos os tempos.
Reconheço-te em cada nome, em Saramago, amo-te
Com os teus fados, com o teu passado de glórias.
Navego contigo desde mares remotos, desde a Língua Portuguesa,
Em tua e em minhas entranhas.

William Whitman

domingo, 14 de julho de 2013

Mais fotos do Show com Leila Pinheiro - 13.7.13


Tudo é uma questão de manter:
a mente quieta,
a espinha ereta
e o coração tranquilo...

Autor: Walter Franco. Intérprete Leila Pinheiro.


Show com Leila Pinheiro - 13.7.13


 Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã

Espera que o sol já vem



Tem gente que está do mesmo lado que você

mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente



Veja a nossa vida como está

mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança

...

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena

Acreditar nos sonhos que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar



Mas eu sei que um dia a gente aprende

Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...

Legião Urbana (Linda a interpretação de Leila Pinheiro)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Recado à Cecília Meireles

Doce amiga que andaste pelo arco-íris que navegaste por tantos navios, que recriaste a vida pela força da palavra, cura nossa febre, seca nossas lágrimas, para que possamos sobreviver 
nesse baile sobrenatural, onde "há tanta pressão, 
tanta confusão, tanta vertigem pelo ar".

Queremos ver a lua nascer na tarde clara, sem lágrimas, sem remorsos, conscientes de que em cada dia, em cada minuto há mais sonho e sabedoria do que nos vagos séculos do homem.

Ensina-nos a não nos afligirmos com a pétala que voa, porque a vida é uma pobre rosa dos ventos, "cai a flor, deixa o perfume".
"Também é ser, deixar de ser.

Maria da Glória Sá Rosa

terça-feira, 9 de julho de 2013

London


Ao sul de Londres, em Windsor,
1ª das 12 tribos visitadas para escrever "Sonho e pó"

Londres: elegante, qual uma mulher em finas formas,
Nem o mau tempo a colocava fora do salto.
Ademais as gotas a lhe escorrerem na capa
Em sua postura ereta,
This is a linda London.

William Whitman

domingo, 7 de julho de 2013

Um caso de sincronicidade com "Saramandaia"


À meia-noite, o medo; fantasmas inomináveis
Percorrem a casa.
À luz da lua-cheia, vagam vampiros,
Lobisomens, sacis-pererês.
Na alvorada, por pena d’eu,
Simples espectador imerso na cena,
O sabiá irá cantar e afugentar as sombras.
Nesta hora d’aurora, acordarei junto às borboletas,
Sem precisar me esconder...

Do livro "Sonho e pó", William Whitman.
Lançado em 25.04.13 pela Life Editora.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vida das lavadeiras

Sombra da mata 
sobre as águas quietas 
onde as iaras 
vêm dançar à noite... 
Não. Mentira. 
Façamos versos sem mentir. 
— Onde batem roupa 
as lavadeiras pobres. 

Sombra verde dos morros 
no poço fundo 
da Carioca 
onde as mulheres sem marido 
carregadas de necessidades, 
mães de muitos filhos 
largados pelo mundo 
batem roupa nas pedras 
lavando a pobreza 
sem cantiga, sem toada, sem alegria.

Quero escrever versos verdadeiros. 
Por que será, Senhor 
que a mentira se insinua 
nos meus versos? 
Onde vive você, poeta, meu irmão 
que faz versos sem mentir?

Cora Coralina 
(imagem: No Museu da Língua Portuguesa)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sobre adaptar-se...


Não é o mais forte que sobrevive,
nem o mais inteligente,
mas o que melhor se adapta às mudanças.

Autor: há controvérsia entre
Leon C. Megginson e Charles Darwin