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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Cultura brasileira!


Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira e não posso negar
Eu sou da lira e não posso negar

Chiquinha Gonzaga (1899)

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Sonho e pó – Dream and dust - Comentários da Professora Neusa Narico Arashiro, da Fundação de Cultura de MS


Com muita honra, peço ao leitor amigo, permissão para tecer alguns comentários a respeito do livro nascido do pó e do sonho - do olhar poético de Ismael Machado. Digo sempre, que quando alguém se disponibiliza a compartilhar um texto seu com um público maior, não deixa de ser um ato de coragem, de loucura e de humildade.

Coragem  - em se expor às críticas, ao olhar complacente dos amigos e, coragem para incentivar que novos leitores mergulhem no seu texto.

Loucura – porque todo texto nasce de momentos de devaneios, de sonhos desconexos, de linkar situações às imagens nem sempre literais ou de princípios lógicos.

Humildade – porque ao lançar seu livro, o autor doa ao mundo a sua subjetividade, ou seja, compartilha o seu íntimo ou o que lhe é mais privado.

Nesses três atos, o autor não tem mais o controle sobre a sua escrita, pois as significâncias vão sendo construídas a partir de cada leitor, baseado nas experiências múltiplas de leitura do mundo de cada indivíduo.

Muito feliz a opção do Ismael em usar metaforicamente as estações do ano e agregar os pseudônimos. Vale destacar que está sempre muito bem acompanhado.  Em Folhas brasileiras incorporou Fernando Pessoa – ícone da literatura, português, e o nosso amado Manuel Bandeira, fonte que sempre nos sacia.

Em Sonho e pó, traz consigo a companhia de William Shakespeare – âncora da literatura anglo-saxônica e Walt Whitman – poeta, ensaísta e jornalista norte americano. O prefácio, assinado pela Profª Drª Lucilene Machado, é um primor de texto que nos conduz às vielas escolhidas pelo autor.

Resgato aqui as palavras de Umberto Eco em que ele diz que todo texto está à espera da chave de cada leitor para abri-lo e acionar todas as redes de significados e sentidos. Também a lingüista Ingedore Kock usa a metáfora do iceberg no oceano textual, onde a sua ponta é como se fosse a materialidade do texto, mas  é nas profundidades que reside toda a tessitura do texto.

Ismael, por meio do seu texto, fiz viagens que só a literatura nos possibilita, dialoguei com Quintana, visitei Paris, Lisboa, participei com Betinho da cerimônia do pão e do vinho, cirandei, observei grilos e borboletas, contornei pedras, catei porungas secas, incomodei-me com o sorriso da Gioconda, e ao chegar ao templo de Delphos deparei-me com seus grafismos que dizem:

Educador, mediador de esperanças,
Alquimista dos sonhos, construtor de pontes.

A educação deve ser uma experiência de amor,
Pela humanidade.

Desejo que as suas palavras, sejam favos de mel nas experiências de cada leitor, que ao abrir os seus textos, com a chave da generosidade, saboreie os olhares múltiplos que o cercam!


Neusa Narico Arashiro
Fundação de Cultura de MS