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sexta-feira, 11 de março de 2016

Nas entrelinhas da injustiça - Parte I

Ao extraordinário poeta Gregório de Matos

De tão perto deste porto, seguro de si, Álvares Cabral, flutuante sobre as cores verde e azul dos mares imensos, proclamou o sol da Terra de Cabrália,
numa Bahia santificada de Natureza.

Em caminho, o poeta lia a carta escrita por Pero Vaz, sobre leite e mel e mil farturas na Canaã de letras portuguesas, desde Luís de Camões.

Somente notas, linhas poéticas do chão, do futuro
de um povo pobre desde antão, quinhentos anos depois,
ainda por desbravar a intensidade do anil
que o tinge em seu céu,
que tinge a tez dessa gente amada.

À vista, além de terras e riquezas mil,
a malfadada política, traçando rumos
ou desencaminhando o porvir,
roubando dele as canções, os hinos.

Salve São Salvador, com os seus Jardins de Alah
e honestos jardineiros, fiéis praticantes
das nobres virtudes, mesmo onde a corrupção brilha
sob o sol de muitos dias e aos olhos
de corrompidos e de corruptores.

Ao som de valsas vienenses D. Leopoldina baila
nos braços dum certo Cerveró,
ele dum só olho caído pelo dinheiro maldito,
ela inocente das falcatruas, dos escusos dólares dele,
postos em Bancos Suiços.

Nessa dança há constantes tropeços em oscilações
político-econômicas, com graves consequências sociais.

Valei-nos, bom São Francisco e toda a bela natureza.
Valei-nos, ajudai-nos Nosso Senhor do Bonfim,
enquanto vivemos na eperança de melhores dias,
do sagrado ouro o qual coroará as frontes sofridas
do povo e, oxalá, de seus governantes vindouros
com o fogo das intensas transmutações...

Ismael Machado



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